Uma viagem às origens de Amieira do Tejo


O Castelo de Amieira do Tejo serviu de cenário ao evento de recriação histórica “Por Trilhos da História – Amieira Medieval”, que durante três dias, entre 22 e 24 de junho, transportou os visitantes até ao século XIV, trazendo de volta ao presente as cores, os cheiros, a cultura, a gastronomia e os ofícios medievais.



Organizada pelo Grupo Desportivo e Cultural de Amieira do Tejo, em parceria com a Câmara Municipal de Nisa e a Junta de Freguesia local, a iniciativa contou com a consultoria histórica do grupo de recriações históricas Guildas Áureas e levou mais de mil pessoas à aldeia, entre convidados e público em geral, de acordo com a organização.

Recusando o modelo das feiras medievais que se realizam um pouco por todo o país, o objetivo dos organizadores foi “criar história viva”, a par de uma grande preocupação com o rigor histórico. Para tal, centraram-se no século XIV, época que corresponde ao período de construção do Castelo e início da sua “vida”, enquadrando a recriação num episódio da crise de 1383-85, em que duas fações lutaram pela ocupação do trono português, deixado vago pela morte de D. Fernando sem deixar herdeiro varão.

A iniciativa envolveu 36 recriadores - elementos das Guildas Áureas e de quatro grupos de recriação histórica oriundos de Espanha (Magerit, Signum Phoenix, Ante Bellum e Battle Honours) - e 20 figurantes locais trajados a rigor, que ao longo dos três dias recriaram ofícios medievais – da costura, ao trabalho em couro, passando pelo monge escriba, a tecelagem e a forja de ferreiro, torneios de armas, exposições de armas e equipamentos militares, espaços com jogos tradicionais da época e muitos momentos de animação e interação com os visitantes.

Um dos momentos mais aguardados aconteceu ao início da noite de dia 23, com a chegada ao castelo da comitiva que demandou a rendição e entrega da praça militar de Amieira do Tejo às forças leais a D. João I, episódio devidamente enquadrado pelas explicações dadas aos visitantes por Catarina Almeida, do Instituto Prometheus. O desfecho aconteceria só no dia seguinte, à tarde, com a entrega do Castelo por parte das forças leais a D. Beatriz e a assinatura do documento.

Para além da componente histórica, o evento procurou também pôr em destaque os produtos do concelho e a própria região, embora a participação dos artesãos do concelho tenha ficado aquém das expetativas dos organizadores.

“Infelizmente a participação dos artesãos do concelho de Nisa foi muito baixa, o que nos deixou imensamente tristes, embora a organização oferecesse o espaço, a montagem do stand e a deslocação”, explicou José Carlos Filipe do Grupo Desportivo e Cultural de Amieira do Tejo, lamentando a oportunidade perdida para mostrarem a sua arte.

Apesar disso, considerou que o “balanço foi extremamente positivo, muito fundamentado nas palavras de incentivo que muitas pessoas que nos visitaram nos dirigiram, e ainda na opinião dos elementos dos grupos de recriadores que nos felicitaram e incentivaram a continuar, referindo este ser um evento diferente dos já habituais mercados e feiras medievais, com uma qualidade, e sem qualquer espécie de humildade, muito acima do habitual, o que convenhamos vindo de recriadores que percorrem a Europa, é muito elogioso”.

Sobre a eventual repetição de “Por Trilhos da História – Amieira Medieval” no próximo ano, José Carlos Filipe sublinha que é uma questão em que a organização tem de refletir.

“Este ano montámos este evento com uma enorme escassez de meios e com dificuldades extremas e mesmo bastante "estranhas" e com que não contávamos! Uma coisa sabemos: pela nossa parte, pela parte do povo de Amieira do Tejo, ou pelo menos para grande parte deste povo, este evento é para continuar, assim as entidades oficiais o desejem e apoiem”.





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